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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A entrevista de Jesus (Parte V) - O ENCONTRO DE JESUS COM DEUS

DR ERIVELTON LAGO - O ADVOGADO QUE ENTREVISTOU JESUS CRISTO NA NOITE QUE ANTECEDEU A SUA PRISÃO E SUA MORTE - (PARTE V)




Advogado Erivelton: Os anos se passaram. Você encontrou o seu lugar?
JESUS: Fiquei todos esses anos em Nazaré. Cuidei da oficina do meu pai, meus móveis melhoraram e meus conselhos tornaram-se úteis às pessoas. O velho Rabino Isaac morreu e o templo de Jerusalém nos mandou um novo rabino, Nahoum, um especialista nas escrituras sagradas. Depois de duas semanas que ele estava em Nazaré ele compreendeu que, além dele, havia outra voz ouvida na aldeia. Alguma pessoa andou repetindo as minhas palavras ele ouviu e entrou furioso na minha oficina dizendo: Quem és tu para acreditar que podes falar das escrituras?! quem és tu para dar conselhos aos outros? Tu freqüentaste alguma escola rabínica? Praticaste as Escrituras como nós, verdadeiros rabinos?
Advogado Erivelton: O que foi que você respondeu ao Rabino?
JESUS: Respondi que não era eu que estava aconselhando, Mas uma luz que está no fundo das minhas preces.
Advogado Erivelton: O que lhe disse mais o Rabino?
JESUS: Ele dizia que eu era bom apenas em produzir lascas de madeira; que eu não tinha de falar em nome das escrituras; que eu não tinha que falar em nome de Deus; que o templo condena os presunçosos; que em Jerusalém eu seria morto a pedradas.
Advogado: E aí, o que você fez depois desse puxão de orelha?
JESUS: Confesso que fiquei com medo. Durante dois dias fechei a oficina e me isolei em passeios. O Rabino por certo tinha razão. Eu tinha me tornado o conselheiro espiritual da Aldeia. Eu falava em toda parte em nome de Deus. Eu nem me tocava, não me via tão excepcional. Jamais me via apedrejado apenas pela minha oposição ao templo. Realmente passei a ter medo. Contudo, sei que amanhã agonizarei na tábua da crucificação.
Advogado Erivelton: e depois das investidas do novo Rabino, como foi que as coisas ficaram?
JESUS: Voltei do passeio e reabri a oficina. Todavia, ninguém apareceu mais lá. Nem mesmo para encomendar uma tábua. O Rabino Nahoum deve tê-los assustado.
Advogado Erivelton: E depois como ficaram os fiéis?
JESUS: Fiéis?
Advogado Erivelton: Sim!
JESUS: Não eram fiéis, eram pessoas simples necessitadas, amigas, carentes. Essas pessoas passaram a me visitar pouco a pouco clandestinamente para o Rabino não saber. Nós nos encontrávamos no fim do dia longe da aldeia e perto de um lago, ali eu tinha o sentimento de que a paz nos conquistava, ali eu encontrava Deus. Entretanto logo o Rabino soube e veio berrar comigo. Ele tinha razão.
Advogado Erivelton: O Rabino tinha Razão?
JESUS: Sim, ele tinha razão. Acho que eu tinha me transformado em um monstro de vaidade. Pois será que era normal eu procurar a verdade em mim mesmo ao invés de procurá-la nas escrituras? Nos livros sagrados? Devemos confiar tanto assim em nós mesmos? De qualquer modo eu admito que tinha uma incontrolável necessidade de me purificar, eu tinha necessidade de uma ajuda, de um guia, de um mestre. Eu precisava ir ver João Batista para me lavar de meus pecados.
Advogado Erivelton: João Batista?
JESUS: Sim, um primo meu, filho da tia Elizabeth, dotado da palavra profética. Minha mãe havia me dito que ele estava à margem do rio Jordão lavando os pecados das pessoas.
Advogado Erivelton: Então você foi ao encontro de Yohanan?
JESUS: Sim, fui ao seu encontro. João o mergulhador batizava em Bethânia, nas águas do Jordão. As pessoas partiam de todos os cantos para lá. As damas da Babilônia, de Jerusalém e de iduméia seguiam para aos montes. Fincavam cabanas, acampamentos, tendas e famílias inteiras se aglomeravam lá.
Advogado Erivelton: Como era o João Batista?
JESUS: Ele parecia a caricatura de um profeta: muito magro, barbudo, coberto de peles de camelo imundas com dezenas de moscas ao seu redor atraídas pelo fedor, olhar de uma fixidez incômoda. Fiquei espantado com tanta gente à sua procura. Me senti humilhado. Vi gente de toda espécie: Romanos, judeus, mercenários, sírios, enfim, gente que nunca havia praticado a Torah e ignorava tudo que tinha nas sagradas escrituras. Eu me perguntava: O que eles buscam nesse homem? O que ele promete? O que ele dá nos seus cultos que não existe nos meus?
Advogado Erivelton: E aí, você se aproximou dele? Entrou na fila do batismo?
JESUS: Sim, eu me aproximei mais um pouco dos dois últimos peregrinos da fila do batismo. Um deles disse: Eu vou lá. O outro homem respondeu: Eu não vou, pois não acredito nisso e eu respeito a nossa lei. Água suja, imunda.
Advogado Erivelton: Ele destratou do batismo de João?
JESUS: Sim, mas João, com ouvido muito apurado ou advinho, ouviu o que o homem falou e respondeu lá da frente: Corja de víboras! Porco sujo! Tu não crês porque te prendes às formas ocas da lei! Não basta lavar as mãos antes de cada refeição e respeitar o sabá para se proteger do pecado. Somente te arrependendo em teu coração poderás obter a remissão de teus pecados.
Advogado Erivelton: O que lhe significou essas palavras de João?
JESUS: Aquele discurso me tocou como a picada de uma abelha, pois era isso que eu pensava há anos. Aquelas palavras eram minhas.
Advogado Erivelton: O homem se aproximou do mergulhador João?
JESUS: João urrou- aproxime-se homem. Nu como nasceu o homem se aproximou tirando a roupa e se aproximando de João. Ele segurou a sua cabeça em sua grande mão ossuda e disse: Arrepende-te de teus pecados. Deseja o bem ao próximo.
Advogado Erivelton: O homem se arrependeu?
JESUS: Não sei o que se passou pela cabeça daquele homem. Não sei se teve medo, obediência ou sinceridade. A verdade é que ele pareceu se entregar a um arrependimento sincero, João, após alguns segundos, empurrou o homem para debaixo d’água. Ele o manteve assim por um bom tempo, a ponto de bolhas escaparem do fundo, depois deixou-o retornar, ofegando, à superfície.
Advogado Erivelton: O que falou João após o homem retornar à superfície?
JESUS: Vai, estás perdoado. O homem, tocado pelo quase afogamento, foi andando pelo rio, hesitante. Logo que tocou a terra firme, o homem se jogou no chão, colocou a cabeça entre as pernas e começou a chorar.
Advogado Erivelton: Chorar porque?! Se ele tinha acabado de ser batizado?
JESUS Acho que chorava de alegria, pois dizia aos prantos- obrigado meu Deus, obrigado...Obrigado pela remissão de meus pecados. Eu estava tão impuro.
Advogado Erivelton: E nesses dias de batismo o que fazia João quando anoitecia?
JESUS: O João se retirava para uma gruta onde passava suas noites. Lá no acampamento em que as pessoas ficavam ao redor de uma fogueira eu soube que ele só bebia água e não comia nada. Eu admirei a força de sua alma, pois eu me sentia incapaz de passar sem carne pão ou vinho.
Advogado Erivelton: Como é que um homem puro e santo como João usava aquelas peles fedorentas de camelo? Logo o camelo que era considerado um animal impuro como a lebre e o porco!... Sua atitude não era contra a lei?
JESUS: Olha, o que posso te afirmar é que cheguei à constatação de que nem mesmo seus maiores admiradores pareciam compreender uma mensagem essencial de João.
Advogado Erivelton: Que mensagem era essa?
JESUSNão é a letra fria da lei que torna o coração do homem mais puro, mas a observância e o espírito dessa lei.
Advogado Erivelton: Você chegou a conhecer algum discípulo de João?
JESUS: sim, na noite em que assisti àquele homem ser batizado conheci André e Simão, seus jovens discípulos. Passamos uma parte da noite falando sobre ele, sobre seus ensinamentos que rompiam com o templo, o que tornava a situação frágil; até o comparamos com os monges de Qumran, aqueles essênios, que também banhavam os pecadores.
Advogado Erivelton: Ei, porque você baixou a cabeça? Está pensando?
JESUS: Sim, estou com medo...triste, talvez, afinal está chegando a hora da minha morte.
Advogado Erivelton: Não pense nisso seja forte, caso você morra...viverá eternamente. Voltando ao assunto de João, e quando amanheceu o dia ele continuou batizando as pessoas?
JESUS: No dia seguinte eu me instalei sobre um rochedo de onde podia ver João sem que ele me visse, pois ele exigia purificar primeiramente os estrangeiros.
Advogado Erivelton: O que João falava?
JESUS: Ele dizia- aproximem-se romanos. E vocês judeus, escutem; tratem de tirar lição disso. Ser um judeu não basta para ganhar a salvação. Não se contentem em repetir “tenho Abraão como pai”. Pois Deus pode fazer nascerem filhos de Abraão em todos os países do mundo, e mesmo nas pedras.
Advogado Erivelton : Apareceu alguma autoridade querendo ser batizado?
JESUS: Olha, os soldados romanos eram muito temidos...eram considerados autoridade e vi alguns pedindo para serem batizados.
Advogado Erivelton: Entraram na fila?
JESUS: Sim, e quando chegaram diante de João ele perguntaram para ele- o que nós devemos fazer? Aí João disse a eles para não cometerem violência, não prejudicarem as pessoas, e que se contentassem com o soldo que ganhavam.
Advogado Erivelton: quem mais ele batizou?
JESUS: Ele recebeu os coletores de impostos e disse a eles- não exijam nada a mais daquilo que é fixado na lei. Em seguida recebeu os ricos e disse para eles- aquele que tem duas túnicas deve partilhar com aquele que não tem nenhuma. E aquele que tem o que comer deve dividir com aquele que nada tem.
Advogado Erivelton: As autoridades romanas investigavam João sobre esses seus discursos?
JESUS: Sim, naquele dia quando o sol já estava mais alto, chegou uma delegação procedente de Jerusalém. O templo enviou uma comissão de sacerdotes e de levitas para obter informações sobre João.
Advogado Erivelton: Prenderam João?
JESUS: Quando eles chegaram um deles perguntou a João-quem és tu? Aí João respondeu-sou João, o mergulhador. O soldado perguntou: dizem que tu és o profeta Elias que voltou da morte à vida? Respondeu João- é o que dizem, eu, porém nunca disse isso para ninguém. Um outro soldado perguntou- dizem que tu és o Messias anunciado pelas escrituras? Aí eu vi João responder- não sou o Messias, mas sou aquele que o anuncia. Sou a voz que grita no deserto: “Abram o caminho do Senhor”. Nesse momento um outro soldado perguntou a João: Então você não pretende ser o Messias? João respondeu: Não sou digno sequer de desamarrar-lhe as sandálias. Quando ele vier, a justiça será feita, a vingança, cumprida. Ele queimará os pecadores como se queima a palha após tê-la separado do bom grão. Um último membro da delegação perguntou para João: então se não és o Messias, não és Elias, porque mergulhas as pessoas na água prometendo salvação? Quem te dá o direito de lavar os pecados dos outros? Respondeu João- Eu precedo o Cristo. Ele chega. Em meio a vós está aquele que vem e diante de quem eu me apagarei esta noite.
Advogado Erivelton: Então você ouviu tudo isso calado? O que você pensou? O que as pessoas comentaram nessa hora?
JESUS: Bem, nessa hora todo mundo se olhava: As pessoas se perguntavam se as pelavras de João era parábola a ser interpretada ou se significava que o Messias se encontrava realmente naquele local à beira do rio Jordão.
Advogado Erivelton: E aí, João continuou falando? Falou mais alguma coisa?
JESUS: Sim, ele dizia: sou o explorador encarregado de preparar o caminho do rei, preparo o caminho do arrependimento. Ele logo virá e logo estará aqui o filho de Deus anunciado pelo profeta Daniel.
Advogado Erivelton: E você como se sentiu? O que fez?
JESUS: Quanto a mim, havia sentido um ligeiro mal-estar: havia acreditado, por um instante, que, apesar da distância, João havia me visto.
Advogado Erivelton: E a Comissão de Jerusalém, o que fez depois?
JESUS: A comissão retornou segura, para Jerusalém: afinal, esse João era só um iluminado não muito perigoso; desde que permanecesse na sua poça mergulhando peregrinos na água ele não disputaria o poder com ninguém. Afinal era preciso tolerar alguns movimentos paralelos de sonhadores.
Advogado Erivelton: Em que momento você resolveu sair do esconderijo?
JESUS: Não é que eu estava me escondendo, eu estava apreensivo. Estava observando a beleza dos movimentos de um bom homem. Apreciava silenciosamente as palavras de fé.
Advogado Erivelton: E então, você se apresentou ao homem?
JESUS: Sim, me apresentei. Entrei resoluto na água para ser purificado por João. Quando ele me olhou tomou um espanto e franziu as sobrancelhas dizendo: Eu te reconheço. Sou teu primo, filho de Miriam, que é parente de tua mãe, Elizabete. Aí eu respondi para ele que estava vindo de Nazaré. Ele amarelou e perguntou: tu vens de onde mesmo? Respondi lentamente: Venho de Nazaré. Tu estás me reconhecendo porque sou teu primo. Ele fez uma breve pausa, fixou os olhos em mim e me disse: Eu te reconheço como o eleito de Deus.
Advogado Erivelton: Puxa! E aí, continue!
JESUS: Na verdade ele também aparentava surpresa pelo que ele mesmo dizia. Me olhava como se eu fosse um coisa totalmente extraordinária. E, de repente, pôs-se a gritar para todos que ali estavam: Eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.
Advogado Erivelton: E nessa hora qual foi a sua atitude?
JESUS: Olha, ele falou com uma força de convicção tão grande que fiquei mudo. Senti que, sobre o terreno, a multidão havia se imobilizado para contemplar a cena. Os olhares pesavam sobre mim. Eu não sabia mais o que dizer nem o que fazer. Murmurei rapidamente para ele: Mergulha-me depressa. Acabemos com isso. Mas João exclamou, indignado Sou eu que preciso ser purificado por ti! Sou eu que te chamo com todos os meus votos tu és tu vens a mim! Eu te amo.
Advogado Erivelton: O que você falou nessa hora?
JESUS: Aquilo foi demais. Minhas pernas cambalearam, eu perdi o chão e João me levou em seus braços sobre o rio. Ali André e Simão se ocuparam de mim, tratando de dispersar a multidão que queria saber quem eu realmente era.
Advogado Erivelton: E você, permaneceu firme?

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