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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A entrevista de Jesus (Parte VIII) - É PRECISO AMAR TAMBÉM AQUELES QUE NÃO NOS AMAM

DR ERIVELTON LAGO - O ADVOGADO QUE ENTREVISTOU JESUS CRISTO NA NOITE QUE ANTECEDEU A SUA PRISÃO E SUA MORTE - (PARTE VIII)




Advogado Erivelton: E seus irmãos, sua mãe, como receberam você?
JESUS: Minha mãe e meus irmãos me convidaram para ir até em casa. O meu irmão caçula estava furioso, dizia que estava envergonhado pelo meu comportamento de mendigo; que eu não precisava andar daquele jeito; que a oficina do nosso pai estava precisando de mim; que eu poderia até me tornar um rabino etc. O outro irmão me falou: tu mendigas na tua própria aldeia, onde todo mundo te conhece, onde vivemos, onde fazemos nossos negócios. O que vão pensar de nós, Yéchoua?
Advogado Erivelton: E você, não respondeu nada para eles?
JESUS: Eu apenas disse: eu não mudarei nada na minha vida.
Advogado Erivelton: E aí, o que disseram?
JESUS: O meu irmão mais novo, que era um pouco mais atrevido e estava mais preocupado com a sua honra de família, me fez a seguinte proposta: Se não és capaz de trabalhar, podes ao menos dormir e comer em nossa casa?
Advogado Erivelton: e aí, o que você respondeu?
JESUS: Eu perguntei a ele se meus amigos podiam ir comer e dormir lá também. Então ele passou a dizer que meus amigos eram uma trupe de vagabundos, de preguiçosos, de inúteis, e de mulheres perdidas. Chegou a dizer que nunca tinha se visto aquilo em Nazaré e que eles podiam dormir em um acampamento.
Advogado Erivelton: Você foi dormir na casa de sua mãe ou ficou no acampamento com seus amigos?
JESUS: Respondi que não poderia dormir em casa e deixar meus amigos ao relento e, por isso, eu partiria com eles.
Advogado Erivelton: O que disseram?
JESUS: Ouvi a voz de um deles dizendo: Tu queres mesmo é nos humilhar até o fim. E em seguida o meu irmão mais velho me deu um tapa no rosto. Senti muita dor, mas tive compaixão dele...Me aproximei dele ternamente o máximo que pude e pedi: Bate também a face esquerda. Diante da minha provocação vi suas narinas palpitarem de fúria e quando ele se preparou para dar o outro tapa eu dei realmente a face esquerda para ele bater, mostrando que aprovava a sua cólera.
Advogado Erivelton: Ele bateu novamente em você?
JESUS: Ele fechou o punho, deu um grito em cima de mim e se afastou esbravejando sem me bater novamente. Os meus outros irmãos e irmãs passaram a me insultar, como se, ao dar a outra face, eu tivesse cometido uma violência maior do que o tapa que meu irmão me deu.
Advogado Erivelton: Que lição você deu a eles quando deu o outro lado da face para o seu irmão bater?
JESUS: Eu apliquei ali um outro ensinamento de minhas viagens ao poço sem fundo: Amar ao outro a ponto de aceitá-lo em sua estupidez. Responder a uma agressão com outra agressão, “olho por olho, dente por dente”, só tinha como resultado multiplicar o mal e, pior, legitimá-lo. Por outro lado, responder a uma agressão com amor era violentar a violência, pregar-lhe um espelho no nariz que lhe mostrasse sua face raivosa, transformada, feia inaceitável. Meu irmão fugiu disso.
Advogado Erivelton: E a sua mãe, no meio dessa confusão toda, o que ela falou?
JESUS: Ela deu um grito: Calem-se e me deixem só com Yéchoua! Eles obedeceram e me deixaram com minha mãe. Ela se jogou sobre mim e chorou longamente. Eu a abracei ternamente, sabendo que as lágrimas são quase sempre as primeiras palavras da verdade. Ela dizia Jesus, meu filho, meu Jesus, eu fui te ouvir quando tu estavas perto de chegar aqui na aldeia, tuas palavras me deixaram inquieta. Eu não te entendo mais. Puseste-te a falar sem parar de teu pai, a citá-lo, embora o tenhas conhecido tão pouco.
Advogado Erivelton: A que pai ela se referia a José ou a Deus?
JESUS: Pois é, ela achava que eu estava falando de meu pai José. Eu disse para ela: Mamãe o pai do qual eu falo é Deus. Eu o consulto no fundo de mim quando me isolo para meditar.
Advogado Erivelton: E o que foi que ela falou nessa hora?
JESUS: Ela me perguntou: Mas porque você diz “meu Pai”? então eu respondi para ela- Porque ele é meu pai como é teu, o pai de todos nós. Aí ela falou para mim: Tu falas de modo geral. Tu dás conselhos de modo geral. Dizes que se deve amar a todos. Será que tu amas a todos como amas a mim que sou tua mãe?
Advogado Erivelton: Você respondeu o que para ela?
JESUS: Falei para ela- Não é difícil amar as pessoas que nos amam. Amo você mãe, amo meus irmãos, mas isso não basta. É preciso amar também aqueles que não nos amam. E até mesmo nossos inimigos.
Advogado Erivelton: Ouvindo isso, o que disse sua mãe?
JESUS: Ela me respondeu com muita franqueza: Então, meu filho, guarda teu fôlego, porque inimigos, tu terás! Tu percebes para onde estás indo? Para que vida te preparas?
Advogado Erivelton: Puxa! E você respondeu o que para ela?
JESUS: Respondi que a minha vida não me interessa. É a vida em geral que me interessa. O que é preciso fazer dela. Não quero viver para mim e morrer para mim. Nesse momento ela perguntou: o que!? Você não tem um sonho pessoal?
Advogado Erivelton: Ela perguntou isso? O famoso sonho pessoal de que todos nós tanto falamos? Você respondeu, o que?
JESUS: Eu disse para minha mãe que nunca tive sonhos pessoais. Disse a ela que queria apenas testemunhar. Dizer aos outros o que descubro no fundo de minhas meditações. Nesse momento ela me disse: Meu filho pense em você primeiro. Tu me deixas desesperada com esses pensamentos. Quero que tenhas êxito na tua vida! Nesse momento eu falei para a minha mãe o seguinte: Mamãe, no fundo de mim, não sou eu que eu encontro. Ela chorou ao ouvir isso de mim, mas não eram mais as mesmas lágrimas do começo, agora eram lágrimas de consentimento, de aceitação. Acrescentou ela: Estás louco meu Yéchoua. Respondi- hoje, mamãe, posso escolher entre uma carreira de louco e uma carreira de mau carpinteiro. Prefiro ser um bom louco. Ela riu em seus soluços.
Advogado Erivelton: Então ela entendeu?

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