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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A entrevista de Jesus (Parte XI) - JESUS NO PALÁCIO DE HERODES


DR. ERIVELTON LAGO - O ADVOGADO QUE ENTREVISTOU JESUS CRISTO NA NOITE QUE ANTECEDEU A SUA PRISÃO E SUA MORTE - (PARTE XI)

 

Advogado Erivelton: Você chegou a pedir para seus discípulos fazer calar os boatos de que você se dizia Filho de Deus?
JESUS: Sim, muitas vezes. Eu dizia para Judas: Judas eu te suplico: faz calar esse boato idiota. Eu não tenho nada de extraordinário, além daquilo que Deus me deu. Judas me respondia: O boato é exatamente esse Jesus, daquilo que Deus te deu. Ele te elegeu. Ele te destacou. Assuma. Era isso: Judas encontrava motivos em tudo para provar que eu era o Filho de Deus. Pesquisava noites a fio. Chegou a descobrir que Elias me anunciou; que Jeremias me anunciou; que Oséias me anunciou; que Ezequiel me anunciou.
Advogado Erivelton: E você o que dizia disso?
JESUS: Eu protestava. Mas ele conhecia muito bem os textos. Às vezes ele me abalava. Mas eu negava sempre. E eu desconfiava cada vez mais das curas que me atribuíam: Os discípulos, Judas como primeiro, agora viam ali a segunda prova, depois das profecias do meu messianismo. A raiva não me abandonava mais. Essa história havia começado na alegria e na felicidade de meu retorno ao deserto, e se desenvolvia a partir a partir de agora de uma forma que me escapava. Atribuem a mim muito mais do que eu digo. Foi nesse momento que Herodes, o governador da Galileia me convocou. Ele me recebeu em seu palácio, me afligiu a visão de todas as suas riquezas de seus cortesões, depois se isolou comigo entre duas pilastras, sem testemunhas por perto, me perguntou: João, o mergulhador, me disse que tu és o Messias. Então eu respondi a Herodes: É ele que diz. Continuou Herodes: Eu considero João um verdadeiro profeta. Então eu tenderia a acreditar nele. Aí eu continuei: Crê no que quiseres. Herodes se rejubilava. Ele só ouvia confirmações em minhas respostas.
Advogado Erivelton: A sua conversa com Herodes foi só isso? Curta e grossa? Porque você não falou logo para ele se era ou não era o Messias?
JESUS: Na verdade a minha conversa não foi tão curta assim. Falei para ele muitas coisas. Disse a ele: Herodes, eu não sou o Messias, não posso pretender esse título. Amo a companhia dos homens, sinto-me útil ali, mas serei obrigado a me privar disso para continuar a minha vida de ermitão.
Advogado Erivelton: E aí, o que foi que ele disse a você depois dessas suas palavras?
JESUS: Herodes disse- infeliz, não te isoles do mundo como um ermitão ou um filósofo. O que ganharás com isso? A metade da Palestina já está pronta para te seguir. Precisamos servir-nos das idéias do povo se queremos dirigi-lo. Trata-se a humanidade com as ilusões. Vamos, César bem sabia que ele não era filho de Vênus, mas foi deixando-o acreditar que se tornou César.
Advogado Erivelton: Puxa, me pareceu uma provocação, não? O que você respondeu a ele?
JESUS: Respondi: teus raciocínios são abjetos , Herodes, e não quero tornar-me César, nem rei de Israel, nem quem quer que seja. Não faço política. Então ele me disse: Pouco importa, Jesus. Deixe que nós a façamos junto de ti!
Advogado Erivelton: O que você respondeu?
JESUS: Nada. Saí do palácio com minha decisão reforçada. Eu tinha encerrado a vida pública. Parei tudo. Eu ia terminar a minha existência sozinho, isolado no deserto. Eu renunciava. Eu ia dissolver nosso grupo, anunciar isso aos discípulos. Infelizmente, passamos por Nain e, depois de ter atravessado essa aldeia, nada mais foi tão certo para mim.
Advogado Erivelton: Nain? O que tem Nain de tão importante? Por que essa aldeia mudou seu pensamento de deixar a vida pública?
JESUS: Nain localizava-se no sul de Nazaré, eu fui muitas vezes lá desde minha infância. Quando chegamos os discípulos e eu, à entrada do Burgo, encontramos um cortejo fúnebre de um jovem, Amos. Sua mãe era Rebecca, a Rebecca da minha infância, a Rebecca que eu tinha amado e deixado de casar com ela, andava na frente, sem vontade, constrangida, como uma condenada à vida. Ela estava viúva há alguns anos, amos era o seu único filho, ela havia perdido tudo. Quando seus grandes olhos me viram, não houve a sombra de uma amargura, de uma cólera, de um protesto. Seus olhos diziam que eu tinha sorte de não ter família, de me ocupar da humanidade inteira, de só sofrer em geral e jamais em particular. Eu experimentava um misto de pena e de culpa. Será que Rebeca estaria ali, na desolação do luto, se eu tivesse acompanhado a sua vida?
Advogado Erivelton: Então você se reencontrou com Rebecca? O que você falou para ela nessa hora?
JESUS: Por algum momento fiquei em silêncio pensando. Depois, tomado por uma inspiração, pedi aos carregadores que parassem para que eu pudesse ver o menino. Eu me aproximei, peguei as mãos do garoto no caixão e mergulhei na prece mais fervorosa da minha vida: Meu pai, faze com que ele não esteja morto. Dá-lhe o direito à vida. Torna feliz sua mãe. Eu havia me atirado à prece como um desesperado, eu não esperava nada dela, era só um buraco onde escondia minha tristeza. De repenteas mãos do menino se agarraram às minhas e o pequeno, lentamente se levantou.
Advogado Erivelton: E depois disso?
JESUS: Ouvi gritos de alegria explodiram ao redor. Meus discípulos gritavam para um lado e os acompanhantes do cortejo gritavam para outro. Abraçavam-se riam, choravam e glorificavam a Deus. Na mesma noite o menino falava de novo. Ele e Rebecca vieram me cobrir de beijos. Eu estava trancado no meu silêncio e na estupefação. Meia noite Judas sentou-se ao meu lado e falou: Então Jesus, quando deixarás de negar a evidência? Tu ressuscitaste o menino. Aí eu respondi para ele: Judas, eu não estou certo disso, tu sabes, como eu, que é difícil reconhecer a morte. Quantas pessoas são enterradas vivas? É por isso que, muitas vezes, nós primeiro colocamos os defuntos nas caves. Talvez o menino não estivesse morto verdadeiramente morto. Será que estava apenas adormecido? Diante das minhas palavras Judas me perguntou: Tu crês que Rebecca, sua mãe, teria sido capaz de se enganar e de levar seu filho adormecido para o túmulo?!
Advogado Erivelton: O que você respondeu para Judas?
JESUS: Silenciei. Preferi não falar mais. Silenciosamente passei a agradecer a Deus por ter ouvido a minha prece. A minha teima com Judas me dava a impressão de que estava entrando em conflito com Deus. É como se eu estivesse recusando o meu destino. Judas me trazia esse conflito, mas ao mesmo tempo ele me aproximava mais de meu Pai. Minhas conversas com Judas me fazia refletir o quanto eu estava sendo desarmado por Deus. Deus tirava as minhas dúvidas e eu persistia nelas. Deus queria que eu fosse seu defensor, mas eu não me convencia. Pensei tanto que cansei. Vi a manhã chegar. Vi o galo cocoricar. Adormeci de esgotamento.
Advogado Erivelton: Você conversou tanto consigo mesmo que cansou e dormiu. E quando você acordou, que rumo você deu à sua vida?
JESUS: Ao reabrir os olhos, eu tinha aceitado Deus que tanto me ama. Chamei Judas, meu discípulo preferido. Eu sabia que não podia dar-lhe presente maior do que aquilo que eu ia lhe dizer. Então eu disse para ele: Judas, eu não sei quem sou. Sei apenas que sou habitado por algo maior que eu. Então Judas eu lhe digo: Eu faço a aposta, do mais fundo do meu coração, de que sou esse aí, esse que toda a Israel espera. Eu faço a aposta de que sou mesmo o filho de Deus. Judas se jogou no chão, pôs os braços em torno de meus tornozelos e manteve por muito tempo meus pés abraçados. Eu sentia as lágrimas quentes rolarem entre os dedos dos meus pés. Pobre Judas ele era, como eu, só felicidade. Ele não sabia a que noite aquela manhã nos conduziria, nem o que aquela aposta que eu tinha acabado de fazer ia exigir de nós.
Advogado Erivelton: E agora, o que você espera diante de toda essa realidade que virá? Prisão, interrogatório, crucificação, você está disposto a aguardar os soldados aqui?
JESUS: Olha, a minha prisão é uma realidade que não pretendo fugir dela. Sei que essa noite a morte me espera aqui nesse jardim. Percebo que as oliveiras ficaram tão cinzentas quanto a terra. Contudo, meu Pai me dar força nesse pomar indiferente à minha angústia, me dar coragem de ir até o fim daquilo que acreditei, por loucura, ser, realmente a minha tarefa.
Advogado Erivelton: Pois bem, e depois da sua aposta secreta de admitir ser filho de Deus, o que aconteceu nos dias seguintes?
JESUS: Nos dias seguintes Herodes mandou prender João, o mergulhador, e o trancou na fortaleza de Maqueronte. Herodíades, sua nova esposa, queria a pele do profeta que ousara condenar o seu casamento. De dentro da prisão João, na sua inquietude, mandou para mim uma mensagem questionadora: És mesmo aquele que deve vir? És o Cristo? Ou é preciso que eu espere um outro? Estas perguntas me incomodaram, pois eu sabia que João duvidava, não dele, mas de mim. Ele se espantava por eu passar meu tempo com os homens do povo, as cortesãs; ele me repreendia por comer e beber com os meus, com as pessoas simples, ele que era tão ascético; e ele não compreendia a minha lentidão em me declarar.
Advogado Erivelton: Você respondeu a carta de João?
JESUS: Sim, mandei os dois mensageiros dizerem a João que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos estão purificados, os surdos escutam, a boa nova foi anunciada. Que ele seja feliz e confiante! No entanto, antes que a minha mensagem chegasse a João ele foi decapitado. Meus discípulos, alguns deles haviam que seguido João, ficaram revoltados e passaram a dizer: Toma o poder, Jesus! Não deixe mais os justos serem executados! Funda o teu reino, nós te seguiremos, a Galiléia te seguirá. Senão, tu terminarás com o pescoço cortado como o João.
Advogado Erivelton: O que vice respondeu aos discípulos?
JESUS: Eu só escutava a indignação deles, mas não podia satisfazê-los. Quanto mais eu meditava, mais eu percebia que não tinha nenhum lugar para tomar, nenhum trono para reivindicar. Eu não seria um líder de homens, mas um líder de almas. Sim, eu queria mudar o mundo, mas não como eles me empurravam. Eu não lideraria uma revolução política, à frente dos pobres, dos dóceis, dos excluídos, das mulheres, tomando de assalto a palestina, derrubando os detentores do poder, das honras, das riquezas; outros poderiam fazê-lo, inspirando em mim. A revolução política se faz com morte, eu não mato. A revolução se faz com violência eu não pratico violência. A revolução que eu faço é dentro das pessoas fazendo com que elas encontrem Deus dentro de si. A revolução interior. O mundo de césar, de Pilatos, dos banqueiros e dos mercadores, não pertence a mim.
Advogado Erivelton: o que você pretende com a sua revolução?
JESUS: Senhor Advogado, a terra foi deixada para os homens: o que eles fizeram dela? Vamos abolir o ódio, os abusos, as explorações, veja Israel! Cheia de honras e privilégios. Vamos eliminar as escalas que põem um homem acima de um outro, vamos suprimir o dinheiro que faz a angústia, a avareza, a insegurança, a guerra, a crueldade, o muro entre os homens. Vamos cumprir todas essas tarefas em nosso espírito. Nenhum trono, nenhum cetro, nenhuma lança pode nos purificar e nos abrir ao amor verdadeiro. No meu reino cada uma pessoa leva consigo o poço do amor onde Deus mora e está sempre disposto a nos receber.




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  1. A Entrevista de Jesus (Parte I) - O JULGAMENTO DE JESUS PELO SINÉDRIO
  2. A entrevista de Jesus (Parte II) - A INFÂNCIA DE JESUS, AS TRAVESSURAS DO MENINO E A MORTE DE JOSÉ
  3. A entrevista de Jesus (Parte III) - JESUS E REBECA
  4. A entrevista de Jesus (Parte IV) - A JUSTIÇA E A MORTE
  5. A entrevista de Jesus (Parte V) - O ENCONTRO DE JESUS COM DEUS
  6. A entrevista de Jesus (Parte VI) - JESUS, O CONSELHEIRO ESPIRITUAL ENCONTRA JOÃO BATISTA
  7. A entrevista de Jesus (Parte VII) - JESUS E AS MULHERES NA SUA PEREGRINAÇÃO
  8. A entrevista de Jesus (Parte VIII) - É PRECISO AMAR TAMBÉM AQUELES QUE NÃO NOS AMAM
  9. A entrevista de Jesus (Parte IX) - OS MILAGRES DE JESUS
  10. A entrevista de Jesus (Parte X) - JUDAS, O DISCÍPULO AMADO
  11. A entrevista de Jesus (Parte XI) - JESUS NO PALÁCIO DE HERODES
  12. A entrevista de Jesus (Parte XII) - NÃO HÁ AMOR MAIOR DO QUE DAR A VIDA POR SEUS AMIGOS
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