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quinta-feira, 3 de abril de 2014

A PRISÃO ESPECIAL E O CRIME ORIGINAL



Amiga Vanda, concordo com a citação bíblica que você postou: “todo aquele que pratica o pecado transgride a lei”. Todavia, segundo a lei de Deus e a lei dos Homens, “a lei que transgredimos é a mesma lei que nos protege”.

De fato, não foram poucas as vezes que recorri à bíblia para defender pessoas. No livro Êxodo, 2:11, por exemplo, diz: Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu para ver seus irmãos e viu os seus trabalhos penosos; e viu que um egípcio espancava um hebreu, um do seu povo (...). Moisés olhou de um lado e de outro e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia. O faraó do Egito procurou Moisés para matá-lo, porém Moisés fugiu da presença do Faraó. Mas eu não quero criticar o grande Moisés, quero apenas dizer que Deus teve piedade da sua condição de homem que casualmente matou outro homem. O que fez Deus? Ele deu mais poderes a Moisés e permitiu que ele retirasse sua grande família do Egito. Moisés simplesmente tornou-se o maior legislador que o mundo antigo, moderno e contemporâneo já conheceu.

Caim matou Abel por inveja. Deus apareceu como investigador e resolveu o caso num instante. O interrogatório foi bem curto e o autor da morte foi acusado diretamente. Assim como o pecado de Adão e Eva ficou conhecido como um “pecado original”, principalmente na cultura ocidental, greco-romana. Esse primeiro caso de homicídio engloba toda a história de crimes na humanidade como um crime original. Deus assumiu o caso, investigou sem torturar, sem maltratar, sem judiar e aplicou a pena contra Caim. Contudo, ao sentenciar Caim, Deus se mostrou Advogado do pior dos homens e Advogado da vida (veja de onde viemos para nos servir e servir a todos sem discriminação). Deus foi Advogado de Caim não só porque deixou o culpado com vida, mas porque ele o preservou de ser morto ou agredido por outros, colocando um sinal especial nele.

Em outras palavras, sem querer enveredar para o complicado mundo da discussão religiosa, o castigo de Deus não tem por objetivo a vingança ou a desforra, mas a proteção da vida, mesmo se tratando de um assassino, ladrão, estelionatário, político ou funcionário corrupto etc. Aos olhos de hoje, alguém poderia questionar a justiça desse castigo e até alegar circunstâncias atenuantes para Caim. Em última análise, ele mesmo se tornou uma vítima ferida por um tratamento desigual da parte de Deus (Deus tratou desigualmente os dois?) pergunta-se, sinceramente, alguém poderia explicar porque Deus reagiu de maneira assim tão diferente à oferta dos dois irmãos? A história bíblica não dá nenhuma resposta a essa pergunta. Todavia, Deus agiu como um grande Advogado e é Dele que nós advogados tiramos nossas lições, sem preconceitos, lutando pela vida e pela liberdade dos cidadãos do nosso país, apesar da desigualdade, apesar do pecado original, apesar do crime original. Minha amiga Vanda, minha eterna Jurada. Pessoa por quem tenho muito respeito. Axé dobrado.

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